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3 Tecidos Eco-Friendly Feitos no Brasil Para uma Produção Mais Sustentável

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  • Marina Colerato
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ente quando falamos em tecidos mais sustentáveis, costumamos pensar em malha de pet reciclado ou tecidos de algodão orgânico. O primeiro bem mais fácil de encontrar e usado bastante para produção de camisetas e o segundo mais raro e escasso, já que a produção de algodão orgânico ainda é bastante limitada. No final, escapar das fibras convencionais como algodão, viscose e poliéster não é uma tarefa fácil, principalmente quando colocamos na balança questões como conforto, caimento, usabilidade, preço, etc.

Porém, há outros tecidos que podem ser considerados eco-friendly por aí. Eles não são tão comuns na indústria, mas, aos poucos, estão ganhando seu espaço principalmente entre as marcas que estão constantemente pensando em melhores saídas para uma produção mais limpa. Além de ser uma boa opção para designers, seja de moda, acessórios ou objetos, eles também inspiram novas iniciativas e vão desbravando caminho para novidades no mercado.

1. Desfibrados

Fios obtidos utilizando material desfibrado de retalhos de tecidos pré-consumo são produzidos e comercializados há bastante tempo. Entretanto, foi recentemente que pesquisas e novos desenvolvimentos permitiram que o mercado de moda começasse a usá-los para produção de novas peças.

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A marca Alinha já produz algumas peças com tecidos desfibrados // Reprodução
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Regatas da Alinha produzidas com desfibrados // Reprodução

Os chamados ‘tecidos desfibrados’ têm resistência, conforto e aparência atrativa. A malha de jeans, por exemplo, tem uma aparência rústica e de malha mescla azulada. Os tecidos desfibrados são misturas de retalhos (matéria-prima residual) com PET reciclado (mas, que atenção, não é uma boa solução) ou matéria-prima virgem, como o algodão. Além de toda a questão ambiental que torna os desfibrados mais atraentes que os tecidos convencionais, a aparência única é outro ponto positivo do material.

A maior parte dos desfibrados que temos no mercado hoje são feitos a partir de retalhos da própria tecelagem – evitando assim todo o custo da logística reversa de coleta de retalhos. Ainda assim, a produção com material desfibrado é um desafio, pois é necessário minimizar as variações de cor através de medidas que tenham relativa uniformidade; ajustar os maquinários para preservar as fibras curtas no fio e também para permitir uma boa velocidade das máquinas. Depois do fio pronto, ele vai para a malharia para ser transformado em tecido. Por isso,

No mercado, já é possível encontrar o Revival 14 (14% de desfibrado colorido, 14% de poliéster de PET e 72% de algodão), Revival Light White (14% de desfibrado branco e 86% de poliéster de PET) e Revival 50 (50% de desfibrado branco e 50% de poliéster de PET). A Renner também já tem tecidos desfibrados de jeans no seu portfólio do Re-Moda Sustentável.

2. EcoSimple

Fundada em 2010, a EcoSimple oferece uma diversidade de tecidos feitos a partir da reciclagem de garrafas pets, retalhos e aparas da indústria têxtil. Os tecidos da EcoSimple são múltiplos e servem para decoração, moda e produção de acessórios. A empresa afirma que o método de produção não usa químicos, água e tem emissão zero de carbono.

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Coleção de tecidos EcoSimples x À La Garçonne // Reprodução
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Look Karin Feller feito com tecido EcoSimple // Foto: I Hate Flash // Reprodução

Recentemente, Alexandre Herchcovitch colocou nas passarelas por meio da À La Garçonne, bolsas e mochilas feitas com os tecidos. Parceria nada inédita, já que o estilista já tinha trabalhado com a empresa quando ainda estava à frente de sua marca homônima. Além disso, um catálogo especial de tecidos EcoSimple e À La Garçonne foi lançado durante a Design Weekend.

Com essa colaboração, e outras com marcas como Vert, Coca-Cola e Insecta Shoes, a EcoSimple finca o pé na moda. Tecidos da EcoSimple contam com diversas padronagens e formas para garantir bastante versatilidade para os designers. Para saber mais sobre a empresa, produção e conhecer os produtos, clique aqui, mas não deixe de ficar atento no debate sobre a circularidade dos materiais escolhidos.

3. Mãos Que Tecem (Daterra)

É de uma cidadezinha de 22 mil habitantes no interior de Pernambuco que vem a Daterra, empresa de Adjane Souza, artesã que enxergou na quase extinta arte do cipó e nas ourelas de jeans uma oportunidade de resgatar uma tradição, empoderar artesãs e ao mesmo tempo reaproveitar resíduos. Foi daí que nasceu o tecido Mãos Que Tecem.

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Tecido Mãos Que Tecem da Daterra // Reprodução
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Insecta Shoes x Daterra // Reprodução

Feitos com as ourelas descartadas dos tecidos jeans, o Mãos Que Tecem é um tecido múltiplo que serve para produção de acessórios, bijuterias e roupas, mas foi no sapato que o tecido encontrou caminho para entrar no mercado de moda. A Daterra, por meio do pesquisador e nome bastante conhecido da moda Walter Rodrigues, cruzou caminhos com a Insecta Shoes e uma colaboração especial ganhou vida.

No Facebook da marca é possível ver as diversas possibilidades de uso, além de outros tecidos e padronagens da empresa. Clique aqui para conhecer mais sobre a Daterra e ter mais informações.

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