Já ouviu falar sobre o sítio arqueológico indígena ameaçado pelo agronegócio da soja?

Em Rurópolis (PA), um sítio arqueológico com ossadas humanas, cacos de cerâmica e artefatos de pedra guarda a vivência dos Mundurukus dos séculos XVIII ou XIX.

<- Foto: © Bruna Rocha / Repórter Brasil

A empresa de logística Transportes Bertolini quer por tudo isso embaixo de um porto de escoamento de soja.

Desde 2014, a Bertolini sabe da existência de 3 sítios arqueológicos que podem estar na área de influência do empreendimento. Os indígenas só souberam do cemitério no final de 2021.

O reconhecimento da área foi feito em fevereiro desse ano. Os Ipy Cekay`Piat, ‘lugares sagrados’ na língua dessa etnia, são as casas dos espíritos.

De 2012 a 2017, dois territórios sagrados dos Mundurukus foram destruídos por grandes empreendimentos as hidrelétricas Teles Pires e São Manoel, ambas com autorização do Ibama e Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

foto: © Rosamaria Lourdes / Repórter Brasil

Para os indígenas, os lugares sagrados devem ser bem cuidados, para que não haja retaliações, como mortes por acidentes, picadas de cobras, raios e escassez de alimentos.

No entanto, os  órgãos públicos não demonstraram disposição para intervir na questão.

Já o MPF (Ministério Público Federal) do Pará pediu ao Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) para que não emita licenças, e ao Iphan que não decida sobre a retirada das ossadas

até que os Mundurukus sejam ouvidos, direito assegurado pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.