Maior Prêmio de Design de Moda e Sustentabilidade Agora é Global
PUBLICADO EM 24/08/2018 • ATUALIZADO EM 03/07/2019
Por Marina Colerato
Imagens: Divulgação
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Ganit Goldstein
Israel
A estilista israelense usa tecidos recuperados tanto de roupas de brechó quanto de sobras indústriais para construir novas peças a partir do retalhamento e tecelagem tradicional ikat. Nos tecidos Ikat, o tingimento é feito nos fios e só depois ele é tecido. Para criar as padronagens, os fios são amarrados antes de serem tintos.
“Já existem roupas suficientes no mundo e acredito que, por meio da tecnologia e do artesanato, os designers podem transformar os tecidos existentes em lindas roupas novas. É da responsabilidade dos designers tornar o mundo um lugar melhor através do nosso trabalho.” -
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Hung Wei-Yu
Taiwan
Ele aplica as técnicas de design de upcycling e reconstrução para uma ampla gama de resíduos têxteis, incluindo quimonos de segunda mão, amostras de moda e vestidos de noiva e rendas danificadas, para criar uma coleção que apresenta uma visão moderna sobre o tradicional chinês Qipao. Wei-Yu também experimenta tinturas de plantas e rendas de cascas feitas à mão, um tecido austronésio tradicional que ele fabrica a partir de restos de madeira provenientes da indústria de móveis.
“Recentemente, tive a oportunidade de trabalhar com as populações indígenas da China e Taiwan, o que me permitiu experimentar a rica conexão entre o artesanato tradicional e a sustentabilidade. Acredito que a moda sustentável implica a formação de laços afetivos com nossas roupas e agora sou ainda mais apaixonado por me estabelecer como um designer de moda sustentável, com um foco específico em reviver as habilidades tradicionais”. -
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Jesse Lee
Hong Kong
Para o Redress Design Award, Jesse relembrou o amor de sua mãe em usar os velhos casacos de seu pai como forma de demonstrar seu amor e carinho. Ele trabalhou com tecidos encontrados em sua casa de família, incluindo cortinas antigas, tecidos de sofá, guarda-chuvas, lençóis e meias, transformando objetos com valor sentimental e memórias em uma coleção atemporal.
“Sustentabilidade sempre foi uma parte fundamental do meu conceito de design e fui influenciado pela minha criação, onde fomos encorajados a apreciar o potencial de todos os objetos para reutilização. Ao projetar a moda de forma sustentável, encontro novas possibilidades para os objetos coletados, criando uma jornada inesperada para o objeto e o usuário”. -
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Lea Mose Svedesen
Dinamarca
A dinamarquesa levou as questões dos padrões de gênero, as subculturas expressionistas do punk e a contracultura para o Redress Design Award.Ela atualiza e reconstrói tecidos danificados, amostras de fitas e roupas de segunda mão em uma coleção repleta de texturas e não-binária.
“Apesar de minha educação como estudante de têxteis e moda, tenho visto os impactos da moda na sociedade como um todo e eles não podem simplesmente ser ignorados. Vejo tantas oportunidades que exigem apenas um “pequeno” esforço, mas que faria uma grande diferença e espero contribuir para uma mudança positiva através do meu trabalho.”
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Lucia Alcaina
Espanha
As realidades paralelas criadas pela evolução da internet, tanto na arte digital quanto na forma como nos relacionamos com os outros através dos avatares, são a temática do trabalho de Lucia para o prêmio. Ela aplica técnicas de design ao desperdício da indústria, incluindo silicone e borracha, dando nova vida aos materiais através de técnicas de origami, pintura manual, bordado, feltro e perfuração para criar sua coleção expressiva.
“Eu amo criar moda e me deixa uma sensação muito mais agradável saber que o que eu produzo pode deixar pegadas positivas, em vez de contribuir para a montanha de lixo e exploração da terra e dos seres humanos. Estou determinada a criar mudanças positivas através do meu trabalho”. -
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Melissa Villevieille
França
Melissa se baseou nos conceitos de regênese e na criação de um objeto final maior que a soma de suas partes individuais. Ela trabalha com retalhes e outros resíduos têxtei agregando valor às sobras através de tingimento manual, tricô e tecelagem para criar novos tecidos para uso em seus projetos.
“Eu estava relutante em entrar na indústria da moda por causa de suas práticas insustentáveis, no entanto, meu interesse foi reavivado quando descobri o design de malhas. O fato de que sou capaz de gerenciar o produto desde a fibra para terminar com pouco ou nenhum desperdício me inspirou a continuar explorando e inovando” -
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Tess Whitfort
Austrália
Com olhar para diferentes subculturas e pela maneira como as pessoas se expressam através de suas escolhas de roupas, Tess aplica as técnicas de design de upcycle e desperdício zero em tecidos remanescentes da indústria, personalizando sua coleção com tintas e estamparia de baixo impacto.
“Para mim, práticas sustentáveis dentro do design de moda são uma necessidade absoluta. Eu sinto que é nossa responsabilidade, como jovens designers, limitar os impactos ambientais negativos da indústria da moda. Estou empenhada em encontrar novas soluções para a moda e parte do apelo é que o design sustentável tem tudo a ver com resolução de problemas, inovação e design funcional.” -
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Seerat Virdi
Índia
A estilista indiana tem como objetivo inspirar e influenciar os consumidores a reutilizar e adaptar suas roupas em uma mentalidade totalmente oposta ao paradigma do fast fashion. Seus designs são multifacetados e incluem partes removíveis que podem ser trocadas por outras da coleção. Aplicando as técnicas de design de zero-desperdício e upcycle, Seerat abraça o artesanal cheio de detalhes e técnicas de manipulação de tecido em seus projetos.
“Como designers, temos o poder de influenciar os consumidores e precisamos nos lembrar de nossa responsabilidade em relação ao meio ambiente. Acredito que é nosso papel incentivar a sustentabilidade e a reutilização em nossos designs e, através do meu trabalho, espero inspirar os usuários a adotarem um novo modelo de moda.” -
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Lynsey Gibson
Reino Unido
A estilista recolheu referências nas diferenças culturais da Europa e da China, em artistas plásticas e nas mulheres que a rodeiam. Reciclando sobras e amostras de fios junto com tecidos de segunda mão e de fim-de-rolo, ela combina técnicas têxteis pesadas de trabalho com inovação de malhas sem costura para manipular resíduos descartados.
“No atual clima atual, acredito que deve haver apenas a opção de ser um designer sustentável. Não posso mais trabalhar em uma indústria que coloca o lucro sobre o meio ambiente ou o consumo em detrimento da preocupação humanitária. Através do meu trabalho, quero elevar a ideia de design sustentável e re-imaginar como a sustentabilidade pode ser através da manipulação de resíduos”. -
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Sarah Jane Fergusson
Japão
Sarah trabalhou a técnina de upcycling a partir de quimonos de seda vintage provenientes de mercados de pulgas em Kyoto, transformando-os em silhuetas modernas. Sua coleção é inspirada no conceito japonês “Mottainai”, ou seja, algo “bom demais para ser desperdiçado”.
“Acredito firmemente que o desperdício é uma falha de design e sou apaixonado por encontrar soluções criativas para esse problema. Como designers e fabricantes, temos uma responsabilidade social de considerar os produtos que criamos e lançamos no mundo. A ideia de fazer parte de uma comunidade mais responsável dentro da indústria da moda é emocionante e inspiradora.” -
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CJ Martins
Filipinas
A estilista transforma jeans de segunda mão e cortinas de poliéster com olhar para o universo imagético do documentário “Chasing Ice”, cuja principal mensagem é o derretimento das geleiras e seus impactos como consequências das mudanças climáticas. A paleta de cores lembra a tundra espelhada em torno das geleiras.
“Para mim, moda sustentável é criar um equilíbrio positivo no processo de design, inovando com o excesso que já temos, enquanto protegemos os recursos esgotados. É uma forma de realização desafiadora, mas satisfatória, porque requer pesquisa, trabalho colaborativo e transparência. Acredito que não seja tarde demais para adotar medidas para desacelerar as mudanças climáticas”.
O Redress Design Award (antes chamado de EcoChic Design Award) é o maior concurso de design de moda sustentável do mundo. Organizada pela Redress, uma ONG de Hong Kong que trabalha para reduzir o desperdício de têxteis na indústria da moda, a competição tem como principal objetivo educar designers de moda emergentes sobre teorias e técnicas de design sustentável, a fim de impulsionar o crescimento em direção a um sistema de moda circular.
A iniciativa acontece desde 2011, mas foi só em 2018 que o prêmio abriu a possibilidade para designers do mundo todo inscreverem seus trabalhos e participarem. O prêmio se orgulha por ter visto seus finalistas e semi-finalistas terem vida longa na indústria da moda. Kevin Germanier, por exemplo, foi um designer impulsionado pelo prêmio. Ele teve a chance de ver suas criações sendo usadas pela cantora Bjork e conseguiu um espaço na multimarcas de luxo inglesa Matches. Katie Jones, um nome mais conhecido para quem aocmpanha novos designers trabalhando com sustentabilidade (e tricô), ganhou o prêmio Selfridges Bright New Things Award em 2016.
Agora, marcas e estilistas brasileiras terão a chance de se inscrever no prêmio e concorrer a, entre outras coisas, uma jornada de aprendizagem guiada com mentores e profissionais de moda, com tudo pago, em Hong Kong. Nossa dica é ficar de olho nas redes da Redress para o ano que vem. Na nossa galeria, você conhece os 11 finalistas desse ano.
Sobre a autora
Marina Colerato
Interessada em movimentos socioambientais, é formada em Design de Moda, mas sempre teve um caso sério com o jornalismo. Além de coordenar o Modefica, atua como pesquisadora independente dentro do escopo da moda, gênero e meio ambiente. É co-fundadora da agência Futuramoda e criou o Buen Vivir Book Club, clube de leitura para pensar sustentabilidade a partir de uma perspectiva latino-america. Você pode segui-la no Instagram e Facebook.
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