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7 Organizações de Justiça Ambiental Para Conhecer, Inspirar e Copiar

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É seguro afimar que 2017 foi um ano difícil para todos nós - mas foi um ano ainda pior para o nosso planeta. Só nos Estados Unidos, pudemos observar eventos climáticos catastróficos como nunca antes. 2017 foi um dos anos mais quentes já registrados, o que intensificou furacões, incêndios florestais e outros desastres naturais em proporções dramáticas.

Texto publicado originalmente no Everyday Feminism e traduzido com autorização para o Modefica.

Acrescente a isso um presidente e uma administração que minimizam o perigo da mudança climática num dos países mais poluidores do mundo – removendo qualquer menção às palavras “mudanças climáticas” nos sites oficiais do governo – e que desautorizou ainda muitas das organizações ambientais americanas.

Mas, como tudo na vida, um olhar mais atento mostrará o outro lado da história. Embora 2017 possa ter sido particularmente horrível, as organizações de justiça ambiental nos Estados Unidos e no mundo têm feito um trabalho incrível para alcançar transformações positivas. Cabe a nós conhecê-las melhor e apoiar seus esforços.

Muitas organizações estão fazendo tudo o que podem para lutar pela justiça ambiental e climática nesse momento delicado. E isso não mudou com a ascenção de políticos conservadores que ignoram a pauta (embora tenha garantido a todas elas inimigos em comum). As organizações continuaram lançando fundos, projetos e programas, capacitando e educando o público.

Aqui estão 7 projetos e programas norte-americanos de justiça ambiental – alguns grandes, alguns pequenos – fazendo o possível para tornar 2018 um ano melhor, não apenas para o planeta, mas para as pessoas. Para inspirar, copiar e divulgar.

1. Run 4 Salmon

Uma marcha de 480 km ao longo dos canais do Delta de Sacramento-San Joaquin até o Winnemem, na Califórnia. Esse foi o objetivo dos organizadores e participantes do Run 4 Salmon, uma “jornada de oração” que aconteceu durante 15 dias em setembro do ano passado.

Liderada pela Winnemem Wintu Chief Caleen Sisk, um coletivo de mulheres indígenas, junto com ativistas e aliados, a marcha chamou atenção do poder público e da sociedade para o estado dos canais, dos peixes e do modo de vida indígena na Califórnia.

Há mais de 70 anos, o salmão selvagem do tipo chinook (Nur) nadava livremente pelas águas da bacia ancestral de Winnemem, mas quando a represa de Shasta foi construída, impossibilitou o nado e a vida dos salmãos em suas águas natais. Não só isso, afetou diretamente a tribo Winnemem Wintu, que mantém conexões profundas com a água, o rio e salmão Nur.

2. UndocuFund

A organização UndocuFund está ajudando moradores sem documentos (principalmente imigrantes ilegais) que foram forçados a sair de seus lares por causa dos incêndios florestais que devastaram a Califórnia e deslocaram mais de 200 mil pessoas. Muitos moradores perderam todos os seus bens materiais, suas casas, carros e, em alguns casos, até mesmo seus empregos.

Em resposta aos incêndios recorde, houve enormes quantidades de assistência aos residentes que foram mais afetados por meio de fundos e organizações de ajuda. Mas os fundadores da Undocufund procuraram preencher um grupo esquecido de vítimas: moradores sem documentos. Povos indocumentados são particularmente vulneráveis ​​a desastres naturais porque não se qualificam para receber as ajudas federais e freqüentemente falam pouco inglês.

“Quando há uma crise e o caos, independentemente do seu status de documentação, é desorientador”, disse Mara Ventura, co-fundadora do fundo e organizadora líder da North Bay Jobs. “Mas se você já vive com medo, nas sombras, e o inglês não é sua primeira língua, existe o medo de buscar recursos”.

Undocufund é o único fundo especificamente dedicado a pessoas sem documentos e famílias de status misto e, através do apoio de milhares de doações, a organização, gerida principalmente por voluntários, tem conseguido ajudar mais de 400 pessoas e mais de 100 famílias a se reerguerem.

3. Cooperation Jackson

Cada cidade enfrenta seus próprios desafios para garantir que seus moradores tenham o necessário para viver minimamente bem. Em Jackson, Mississipi, esses desafios incluem acesso a assistência médica, desigualdade de salários e racial e uma série de outras questões que impedem a comunidade de manter uma estabilidade tanto ambiental quanto comunitária. Para combater essas dificuldades, os moradores da cidade começou criaram a Cooperation Jackson, um movimento quanto e um programa destinado a combater esses problemas.

Por meio de uma rede de instituições locais interconectadas e interdependentes, a organização promove programas e eventos para ajudar a educar sua comunidade a retomar seu poder econômico e a lutar pela equidade em todas as suas formas.

4. Movement Generation: Projeto de Ecologia e Justiça

Como seria uma transição social justa? Para o Movement Generation, de Oakland, Califórnia, uma transição justa significa economias e ambientes locais saudáveis e resilientes. Isso se traduz num afastamento da poluição e do lucro a qualquer custo, investimento na cultura local, trabalho e terra; significa capacitar pessoas de baixa renda e pessoas não-brancas para liderança.

A Movement Generation está trabalhando para ensinar às pessoas como elas podem desempenhar um papel mais ativo no futuro de suas comunidades. Pequenas organizações sem fins lucrativos, como a Movement Generation, não têm grandes escritórios e enormes subsídios, mas conseguem fazer muito com um pouco e precisam do nosso apoio para ajudar ainda mais.

Eles capacitaram ativistas, residentes e participantes para se conectarem com seu ambiente e os sistemas que os afetam. Em seu Treinamento de Habilidades Ambientais, a organização também ajuda os organizadores da Bay Area e membros da comunidade a aprender como interagir, desenvolver e restaurar a terra ao seu redor. A organização também encerrou 2017 com um extenso detalhamento sobre as ações focadas na recuperação de comunidades afetadas por desastres ambientais no mundo todo.

5. NY Renews

Formado por mais de 130 diferentes organizações comunitárias de Nova York, ativistas ambientais, sindicatos e mais, a NY Renews está usando a legislação para abordar a eqüidade climática através da “Lei Climática e Proteção Comunitária”, levando a luta contra a mudança climática às portas do senado americano.

A lei que o grupo está tentado aprovar em Nova York não apenas levaria o estado a utilização de 100% de energia renovável, mas também procuraria proteger os trabalhadores, criar empregos e apoiar os mais afetados pelas mudanças climáticas: pessoas de baixa renda e pessoas não-brancas.

“Nosso objetivo é tornar o Estado de Nova York o líder na luta contra a crise climática, protegendo os trabalhadores e levantando comunidades”, disse um representante da NY Renews.

Se o projeto de lei vai ou não conseguir tudo o que espera ainda não sabemos. No ano passado, o projeto foi aprovado pela Assembléia do Estado de Nova York pelo segundo ano consecutivo. Ainda tem que passar pelo Senado do Estado de Nova York, mas se for aprovado, será uma mudança inovadora e um exemplo global.

6. Trans Disaster Relief Fund

O Trans Disaster Relief Fund (TDRF) – ou Fundo de Alívio Para Pessoas Trans – está dando o apoio necessário para pessoas trans, intersexuais e genderqueers que foram impactadas por desastres naturais. Iniciado pela Transgender Foundation for America, o fundo foi originalmente criado para ajudar as vítimas do furacão Harvey. Mas, à medida que os desastres continuaram acontecendo, o fundo foi aberto para ajudar o maior número possível de pessoas necessitadas, fossem elas afetadas por incêndios florestais na Califórnia, terremotos no México ou furacões em Porto Rico.

A comunidade trans é frequentemente carente e particularmente vulnerável a desastres naturais. Opessoal de emergência é treinado para criar ambientes inclusivos e seguros para a igualdade para todos já que “as pessoas transexuais podem não conseguir ter acesso ao abrigo adequado à sua identidade de gênero ou receber cuidados de saúde culturalmente sensíveis”, conforme explica o guia de preparação para emergências.

7. Got Green

Justiça climática não é apenas sobre mudança climática, e a Got Green está provando isso. É sobre esses problemas cotidianos que você pode não perceber que estão diretamente conectados ao seu ambiente, como raça, sexo e classe social

Com foco no acesso a alimentos, capacitação de jovens para serem líderes ambientais e combate à injustiça climática em todas as suas formas, a organização está mudando a narrativa do movimento verde, muitas vezes considerado branco e rico.

No ano passado, a Got Green organizou programas, painéis e eventos sobre temas diversos, desde resiliência climática à segurança alimentar. Eles lutaram e venceram a batalha para fazer de Seattle a primeira cidade a usar a receita de seu Imposto de Bebidas Açucaradas (Sugary Drink Tax Revenue, um imposto sobre bebidas com alto teor de açúcar, vigente nos Estados Unidos, Reino Unido e que está entrando no debate por aqui) para garantir que alimentos saudáveis chegem às mesas de pessoas em risco de fome. Eles também lançaram o movimento #DontDisplaceDove para apoiar um morador local deslocado e educar a comunidade sobre como combater o deslocamento.

A organização investiu muito tempo na educação ambiental e no poder de suas comunidades e está vendo seus esforços frutificarem.

Espero que você fique tão animada como eu fico ao ver tantos trabalhos incríveis. Talvez você nunca tenha ouvido falar dessas organizações, talvez você conhecesse cada uma delas ou saiba de muitas outras mais. Mas vamos pensar em como isso é maravilhoso. Apesar de nosso péssimo status ambiental, existem tantas organizações importantes realizando trabalhos igualmente importantes; precisamos nos lembrar disso. O ano passado foi certamente difícil, mas assim como o planeta em que vivemos, nós somos resilientes.

Texto escrito por Maya Lewis para o Everyday Feminism e traduzido com autorização para o Modefica.

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