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3 Marcas De Lingerie Para Ficar De Olho E Ter No Guarda-Roupa

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  • Marina Colerato
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Há uns anos, achar lingeries diferentes e variadas no Brasil era uma missão destinada a falhar. Se quiséssemos algo que fugisse do tradicional sutiã com bojo e calcinha média, só nos restava esperar uma viagem ao exterior ou tentar um garimpo mais atento na extinta Doc Dog para achar itens que fugissem do padrão comum.

Esse tempo ficou para trás, graças à Deus e à facilidade de trocar informações, e agora cada vez mais opções aparecem não nas araras das lojas convencionais, mas na internet. As mulheres estão reinventado sua roupa íntima e passando a ideia para frente, transformando seus desejos em negócios aos descobrirem que existe um público consumidor com as mesmas vontades não saciadas que elas.

Para dizer adeus definitivamente ao tédio da calcinha e sutiã, selecionamos 3 marcas com propostas estéticas distintas, mas que compartilham do mesmo princípio: valorizar a mulher e entregar um produto diferente. São marcas para você ficar de olho, conhecer e ter no guarda-roupa.

GIOCONDA
“Comfort Clothing”

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Foto: Reprodução

Quando eu conheci a Gioconda (no Instagram e depois, pessoalmente no Jardim Secreto), confesso ter sentido um certo alívio por não ter mais que comprar minhas calcinhas do dia a dia em supermercados, o único lugar que ainda é possível achar underwear de algodão (indicação número 1 de qualquer ginecologista do planeta terra). Não que eu esteja reclamando, elas me vestem muito bem e vêm em cores lisas práticas, mas quando se trata de calcinha e sutiã, nada mais interessante do que uma gaveta cheia de cores, estampas e personalidade.

A empreitada da Cínthia na verdade começou sem muita pretensão de negócio, mais em busca de saciar uma necessidade pessoal do que realmente montar uma empresa. “De tanto procurar calcinhas de algodão e que fossem confortáveis, decidi confeccionar as minhas próprias, inspiradas naquelas calcinhas que muitas mães e avós faziam com o resto de tecido dos vestidinhos, pijamas e lençóis”, afirma ela.

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Foto: Reprodução

Em um mundo dominado por lingeries de microfibra (tecido composto de poliéster), e provavelmente cheio de outras mulheres como eu, necessitadas de calcinhas de algodão bem feitas, confortáveis e com um quê de sexy, comercializar as peças só poderia ser o próximo passo. “É um produto raro, bom, e prático para produzir, além de ser um produto saudável. Embora muitas pessoas não saibam, a fibra natural permite a pele respirar e nos previne de doenças como micoses e fungos, muitas vezes causadas pelo uso de tecidos sintéticos”, explica Cínthia.

No começo, ela teve ajuda de uma outra amiga, que sabia de modelagem. Os produtos foram bem recebidos e elas sentiram a necessidade de acrescentar outras opções no leque da marca. Depois das calcinhas, vieram os sutiãs, os shortinhos e os (lindos) kimonos. Toda a produção é feita por uma cortadeira e uma costureira, ambas vizinhas da Cínthia, que hoje toca a marca sozinha.

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Foto: Reprodução

“A intenção é cada vez mais ir à fundo no que corresponde à palavra conforto. Pretendo fazer peças com tecidos orgânicos e mais sustentáveis também, sempre mantendo e dissipando consciência sobre aquilo que usamos, a procedência e o método de produção”, finaliza.

A loja online ainda está saindo do forno, mas é possível encomendar as peças pela página do Facebook da marca.

NAJA
“Radically Different Lingerie”

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Foto: Reprodução

A Naja é uma marca de underwear que se preocupa com a qualidade dos tecidos, modelagem, preço justo e filantropia. Criada pela colombiana residente nos EUA, Catalina Girald, todas as peças da marca são de algodão Peruvian Pima e os detalhes em renda, ao invés de poliéster convencional, são feitos em nylon, mais delicado para a pele.

Sempre com atenção aos detalhes, os sutiãs contam com estampas também na parte interna, além de uma selagem ultrassônica nas alças que garantem maior qualidade e durabilidade.

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Foto: Reprodução

Para deixar tudo ainda mais do jeito que gostamos, a Naja tem um pé (ou dois) no esquema de produção de fair trade. Cada sutiã vem com um saco para lavagem, que é costurado por mulheres que fazem parte da ONG Golondrinas Foundation, na Colômbia, e recebem salários acima da média. A Naja ainda faz uma contribuição direta para a fundação, que ajuda e guia essas mulheres para se tornarem micro empreendedoras.

Além dos saquinhos de lavagem, todas as calcinhas são costuradas por mães solteiras ou que são chefes de sua família e já passaram pelo primeiro passo do programa, que é o de costurar os sacos de lavagem. Mais sobre esse trabalho incrível, você pode saber no site que explica os detalhes do projeto Underwear For Hope.

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Foto: Reprodução

Como as marcas mais recentes que vem se destacando, a Naja busca conversar com mulheres de uma maneira empoderadora e fugindo do padrão Victoria Secret de vender lingerie. “Eles objetificam as mulheres e quando eu olho para aquelas campanhas, simplesmente não consigo me sentir bem comigo mesma, aquilo não chega nem perto de me representar”, disse Catalina à revista Samaritan.

OH LORD INTIMATES
“Lingeries Contemporâneas, Referências Retrô”

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Foto: Cortesia OhLord/Samuel Esteves

Lançada em 2012 pela Letícia Saad, a OhLord usa referências da história da lingerie para dar um toque retrô às peças contemporâneas da marca. Calcinhas com modelagem maior, bastante transparência e frufru, sem perder a praticidade e usabilidade para o dia a dia. E é exatamente essa irreverência nostálgica que cativa e torna as peças da marca na lingerie perfeita para dias especiais ou para, instantaneamente, fazer a gente se sentir mais sexy.

“Romantismo e conforto são os motes, busco valorizar o corpo de cada uma sem querer fazê-lo parecer diferente. Há uns 5 anos, quando idealizei a marca, encontrávamos pouca variedade no mercado nacional, os sutiãs eram todos iguais (todos com bojo e poucas variações de cortes e cores), não era possível encontrar calcinha que não fosse “pequena”, porque calcinha grande e bege era “de vó”. Felizmente, essa concepção está mudando”, contou Letícia.

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Foto: Cortesia OhLord/Samuel Esteves

A marca também optou por abrir mão de modelos tradicionais e fotografar consumidoras reais, confortáveis, usando Oh Lord em suas casas. E foi dessa ideia de pensar numa mulher real que surgiu o projeto Oh Lord Divas.

“O projeto foi inspirado em nosso público, mulheres reais (não modelos), com diferentes estilos e corpos, todas com algo em comum: a OhLord. Todo o processo foi muito interessante e gratificante, houve uma troca muito grande entre a equipe e as meninas, que nos receberam amavelmente em suas casas. Essa questão de descobrir as pessoas, saber um pouco de cada uma, seus gostos e peculiaridades, tornou as fotos muito mais ricas, porque não vemos apenas meninas bonitas, mas sim pessoas com as quais nos identificamos”, explicou Letícia sobre o projeto, que virou calendário disponível na loja online da marca.

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Foto: Cortesia OhLord/Samuel Esteves

As peças são produzidas em pequenas tiragens, os tecidos são garimpados e Letícia tem uma modelista que a ajuda em todo o processo. “As peças são desenhadas por mim, baseadas nas minhas referências e modelos preferidos que já foram produzidos. Depois as fichas são encaminhadas para a modelista, aprovadas e as peças produzidas”, descreve ela.

Tudo assim, muito simples, o que garante peças com procedência, feitas no Brasil sob condições justas de trabalho e ainda um quê de exclusividade indispensável, principalmente quando falamos de uma peça tão íntima como a lingerie.

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