Primeiro, é importante dizer que as informações sobre patrimônio dos candidatos estão disponíveis e podem ser acessadas por qualquer pessoa no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A lista traz informações sobre contas bancárias, fundos de investimento, previdência privada, participação em empresas, imóveis e veículos; todas informações registradas pelos próprios candidatos no ato da candidatura. Para consultar é simples: escolha a região e o candidato. O site disponibiliza os dados não só de quem concorre à Presidência e Vice Presidência, mas para os cargos de deputado estadual e federal, senador e governador. Porém, os dados devem ser analisados com ressalva, porque não há nenhum tipo de conferência, nem punição para quem apresenta dados divergentes com a realidade.
Uma eleição quase bilionária
Está é a primeira eleição geral na qual os candidatos não podem receber dinheiro de empresas para custear suas campanhas. O dinheiro investido pode vir de seus próprios bolsos ou de doações de pessoas físicas. O teto de gastos para o cargo de presidente é de R$ 70 milhões no primeiro turno e R$ 35 milhões no segundo.
Apesar da regra beneficiar, claramente, os candidatos mais ricos, os patrimônios dos cinco candidatos com maior intenção de votos, segundo a última pesquisa do Ibope, são um pouco mais modestos. Outra novidade nesta eleição é o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, recurso criado em 2017, com remanejamento de R$ 1,7 bilhões de outros gastos e renúncias da União com o objetivo de financiar campanhar eleitorais. O valor destinado para cada partido pode ser conferido também no site do TSE.
Os números do montante patrimonial familiar de todos os candidatos é de surpreender: somados, os 13 presidenciáveis possuem R$ 833 milhões. Na última eleição, esse valor era de apenas R$ 11 milhões. Dos 13 candidatos à Presidência, oito são milionários, mas são dois, em especial, quem estão jogando essa cifra lá pra cima: a fortuna de João Amoêdo (Partido Novo) é de R$ 425.066.485,46 e a de Henrique Meirelles (MDB) é R$ 377.496.700,70. O patrimônio de ambos os candidatos, que fizeram grande parte dessa fortuna no mercado financeiro, equivale a 98% do valor total do montante.
Os dois candidatos não entram no nosso destaque, pois estão abaixo nas pesquisas de intenção de voto, mas a disparidade com os outros políticos se justifica na declaração de seus bens: Amoêdo possui uma embarcação de R$ 4 milhões e Meirelles é um colecionador de artes e antiguidades. Somente no item “joia, quadro, objeto de arte e de coleção, antiguidade”, o candidato tem aproximadamente R$ 917 mil em bens declarados.
Os candidatos mais cotados, seus bens e o histório financeiro desde o primeiro cargo público que ocuparam
Curiosidades
O patrimônio de Bolsonaro é dividido em imóveis, em sua grande maioria casas no Rio de Janeiro, investimento em poupança e aplicações de renda fixa e veículos. Em 2014, o saldo do candidato era de R$ 2 milhões. O candidato e família multiplicaram o patrimônio na carreia política passando de uma moto ano 83, um carro Fiat ano 83 e dois lotes de pequeno valor em Resende (RJ), em 1988, para R$ 15 milhões em 2017 conforme levantamento da Folha.
Com valores muito acima do seu companheiro de chapa, Ana Amélia, vice de Gerando Alckmin, tem a maior parte de seu patrimônio investido em dois apartamentos em Brasília, um de R$ 1 milhão e outro de R$ 596 mil. Desde sua primeira eleição, em 2010, ainda como senadora, seu patrimônio quadruplicou: de R$ 1,2 milhão para R$ 5,1 milhões, em 2018.
Já o dinheiro de Haddad é investido em imóveis, uma casa no valor de R$ 183 mil e um apartamento de R$ 90 mil; participação em empresas e valor líquido em banco no país. O patrimônio do candidato diminuiu desde que concorreu a prefeitura de São Paulo, em 2012. Na época, era de R$ 473 mil e passou, em 2018, para R$ 428 mil.
O principal investimento da vice candidata Manuela D’Ávila é um terreno de R$ 90 mil. O restante foi declarado como fundo de curto prazo de R$ 4.590,85. Como contamos aqui, a jornalista e candidata à vice presidência ingressou na carreira política aos 23 anos, onde passou pelos cargos de vereadora, deputada federal e deputada estadual.
O patrimônio de Ciro está aplicado em imóveis como casa e apartamentos, em investimentos, veículos e participação em empresas. Em 2006, quando se elegeu deputado federal, ele tinha um patrimônio de R$ 426.840,92. A evolução patrimonial aconteceu, principalmente e segundo análise do histórico de declarações, com a aquisição de imóveis.
Marina tem o patrimônio distribuído em imóveis, aplicação de renda fixa e participação em empresas. O patrimônio de Marina Silva, assim como de seu vice, Eduardo Jorge, também encolheu: o dela era R$ 181 mil em 2014; o dele R$ 412.453,12.
Antes de dizer “vai tarde e não volte mais”
O patrimônio de Michael Temer (PMDB) é de R$ 33 milhões. A maior parte desse valor foi conquistado nas últimas duas décadas, época que coincidiu com a ascensão da sua carreira política: de deputado suplente à Presidente interino da República. Boa parte do patrimônio está investido em imóveis nos bairros Pinheiros, Alto de Pinheiros, Jardim Paulista e Vila Madalena, em São Paulo.
De 1998 a 2017, a família Temer (composta por Michael, sua esposa Marcela, as três filhas do antigo casamento e o caçula do atual), movimentou cerca de R$ 61,7 milhões na compra e venda de imóveis na Zona Oeste paulistana, segundo a revista Piauí. Nesse período de tempo, o patrimônio imobiliário da família aumentou quase cinco vezes: era, anteriormente, de R$ 6,8 milhões.