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No Rio De Janeiro, Novo Espaço Colaborativo Quer Tecer Uma Moda Justa

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  • Elis Vasconcelos
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É em volta das mesas que costumam nascer as melhores ideias. E com a Malha não podia ter sido diferente. Foi em torno de uma das mesas compartilhadas do Templo, durante almoços organizados para reunir o ecossistema da moda e pensar em soluções sustentáveis para essa indústria, que surgiu a ideia de unir criadores, empreendedores, produtores, entusiastas e consumidores num mesmo espaço, visando a construção de uma moda mais sustentável, colaborativa, local e independente.

Comandada por Herman Bessler, fundador e CEO do Templo, e André Carvalhal, que além de head de Marketing da Farm, atua como escritor, professor e consultor, a Malha conta com um time de fundadores que estão por trás de marcas como RIOetc, Farm, IED, Ipanema, Casa XX, Caio Braz, entre outras. Isso sem falar nas 40 marcas residentes que aguardam ansiosas pela inauguração do espaço, prometida para o final de junho.

Durante um bate-papo informal com André e Herman é possível notar que os sócios, de personalidades aparentemente opostas, se complementam. De fala pausada e sempre pensando na transformação holística que deseja ver e promover no mundo, Carvalhal comenta sobre estarmos vivendo um momento de grande transformação e sobre como a forma que a moda é produzida, criada, comunicada e vendida hoje está perdendo o sentido dentro desse contexto de mudanças e rupturas pelo qual o mundo está passando. A consequência disso é a necessidade de resgatar o propósito inicial da moda que, na visão de André, é o de servir à vida e aos sonhos das pessoas.

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Já Herman Bessler, como o empreendedor em série que é, tem a agitação típica da chamada Geração Y. As palavras saem de sua boca na velocidade de um foguete e, apesar disso, é capaz de apresentar ideias claras e bem elaboradas. Coisa de quem nasceu para “hackear o zeitgeist”, como ele mesmo gosta de dizer.

Herman enxerga a Malha como um espaço onde será possível experimentar novas formas de produzir e consumir não apenas moda. Afinal, trata-se de uma plataforma open source, fator responsável por permitir a reprodução do modelo em outros setores, facilitando a criação de um futuro mais sustentável. Entretanto, Bessler destaca que a moda é a segunda indústria mais poluente do mundo, e também a segunda maior responsável por empregar pessoas, então nada mais desejável uma iniciativa deste porte ter surgido justamente de olho nesse segmento.

Em comum, além da sociedade e da disposição para o trabalho, André Carvalhal e Herman Bessler têm um sonho: o de fazer uma moda mais justa. Para isso ser possível, os residentes do espaço terão acesso à estrutura de uma grande marca por um preço atraente, fazendo com que o produto final tenha valor acessível e a qualidade superior aos produtos do mercado tradicional, já que serão feitos de acordo com os princípios da sustentabilidade 4D: financeira, cultural, social e ambiental. Além de serem produzidos de forma local e independente, numa cadeia justa e com inovação tecnológica.

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A seleção das marcas residentes na Malha é feita de acordo com critérios objetivos e subjetivos, conforme nos explicou Herman: “Subjetivamente a gente avalia a qualidade das marcas, a capacidade de crescimento e de contribuição delas para o desenho do futuro da moda e construção dos novos paradigmas. Objetivamente, nós avaliamos se os produtos são desenvolvidos de acordo com os princípios de sustentabilidade que acreditamos. O alinhamento com esses valores permite a seleção de curadoria”.

As empresas residentes terão acesso ao maquinário completo para produção, um laboratório de inovação, showroom e estúdio fotográfico, além de um café e uma escola de moda. Os valores variam entre R$90 e R$3.500. Só podemos finalizar dizendo que os cariocas se deram muito bem nessa.

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