Organização de mídia, pesquisa e educação sem fins lucrativos que atua por justiça socioambiental e climática por meio de uma perspectiva ecofeminista.

pesquise nos temas abaixo

ou acesse as áreas

apoie o modefica

Somos uma organização de mídia independente sem fins lucrativos. Fortaleça o jornalismo ecofeminista e leve a pauta mais longe.

Em Especial, Greenpeace Explica Como o Agronegócio Está Levando Nosso Planeta ao Colapso

Publicada em:
Atualizada em:
Texto
  • Juliana Aguilera
Imagens

Cristian Braga
Greenpeace

7 min. tempo de leitura

Você talvez já saiba que a indústria da carne gera diversos problemas ambientais e sociais no Brasil. Mas o que talvez você ainda não tenha parado para pensar é: de que forma podemos reverter esse cenário? Em uma série de três vídeos intitulada "De Onde Vem a Sua Comida?", o Greenpeace convida a atriz e produtora Alice Braga para explicar como o alimento que comemos chega em nosso prato, como funciona a lógica de produção das grande empresas alimentícias e como frear esse trem desgovernado chamado agronegócio.

Ao criar esse caminho de conexão da agricultura familiar, agricultura em larga escala, funcionamento de commodities, crise climática e destruição ambiental, Alice nos apresenta dados impactantes. Por exemplo: você sabe que o agronegócio é um dos grandes responsáveis pela emissão de GEEs (Gases do Efeito Estufa) na atmosfera, mas você sabia que a porcentagem destas emissões é equivalente a de todos os carros, trens, navios e aviões juntos? Outro dado importante para entender esse cenário é o de que a agricultura e pecuária são responsáveis por 80% de todo desmatamento no mundo.

E tudo isso para alimentar animais como gado, frangos e porcos, e para vender como commodity para outros países. Esse negócio cresceu a tal ponto que hoje temos meio bilhão de cabeças de gado no mundo – que equivale a somatória da população dos Estados Unidos e Rússia – e 23 bilhões de galinhas, três vezes a população de humanos na Terra.

Amparado por leis governamentais, o atual sistema de produção de alimentos continua avançando sobre pequenos produtores rurais e sobre ecossistemas. O alimento que é produzido com agroquímicos, em áreas desmatadas, invadidas, é tratado como “normal” e é – pela lógica capitalista de produção – mais barato do que a comida cultivada sem agrotóxicos, para alimentar pessoas e não a bolsa de valores. Esta última, agora leva rótulos como “comida orgânica” e tem seu preço encarecido. Mas dá dizer realmente que esta comida, que gera tantos impactos nocivos, é barata?
 

Algo está muito errado

No segundo vídeo, Alice aprofunda sobre o funcionamento das grande empresas do agronegócio, como: JBS, Cargill, Bunge, Unilever. Ela analisa como a rede produtiva de tais negócios é extensa, passando por diversos traders, ou seja, compradores, de forma que, para uma empresa produtora de barras de chocolate é “difícil” localizar de onde o cacau utilizado na produção do alimento foi retirado. Isso porque a empresa responsável pela matéria-prima está, muitas vezes, em outro país.

Alice cita um estudo do Greenpeace no qual a entidade pediu a 50 grandes empresas para que elas divulgassem a origem dos produtos utilizados em sua rede – apenas 5 divulgaram as informações. Todas ainda disseram que suas redes de abastecimentos são “muito complicadas”. O vídeo reforça a necessidade de responsabilizá-las pelo que vendem e produzem, afinal, isso trouxe algum ônus para o meio ambiente e comunidades locais. Cada vez mais vemos a disputa de terra, ameaças, mortes e contaminações destruindo comunidade indígenas, quilombolas e rurais. Tais disputas que, sempre, são iniciadas por uma grande empresa querendo desmatar uma área de mata nativa.

Como bem lembrado por Alice, se as grande marcas “estivessem mesmo comprometidas em parar o desmatamento, elas estariam rastreando suas compras do começo ao fim, protegendo as terras indígenas e financiando a restauração florestal”. Mas, enquanto o dinheiro continua entrando, a boiada vai passando, nada é feito. Cabe a nós pressionar a elas e ao Governo.

Como Agir

O terceiro e último vídeo dessa série é voltado para quais ações pontuais podemos fazer para começar a desmontar esse sistema. Primeiro, Alice lembra que escolhas individuais, como parar de comer carne, são importantes, mas que as mudanças também precisam acontecer por parte de quem está no topo. A atriz nos dá 5 dicas para agirmos com nosso poder de cidadão:

  • Apoiar os direitos dos povos indígenas e a luta pela terra em todo o mundo. Alice nos lembra que tais populações estão na linha de frente dessa batalha contra a “economia do apocalipse”. Eles, em especial, por mais de 500 anos aqui no Brasil;
  • Exigir que as empresas parem de comprar de quem destrói os ecossistemas. As empresas precisam ser responsáveis pelo sua rede de abastecimento;
  • Empresas precisam pagar pelos dados já feitos ao meio ambiente e se comprometer, verdadeiramente, em restaurar o que foi destruído;
  • As empresas também precisam mudar seu modelo de negócio e vender menos carne e laticínios. Lembre-se: menos terra = menos espaço para agricultura industrial e mais espaço para a Natureza e alimentos para nós, humanos;
  • O mais importante – e possivelmente mais difícil – o sistema tem que aceitar que o crescimento econômico infinito e a proteção ambiental não andam juntos. É necessário promover a agroecologia, casas com painéis solares e outras formas de energias renováveis.

Imputar responsabilidade ao governo e às empresas por conta do desmatamento, enchentes, queimadas, poluição dos rios, animais em risco de extinção e tantos outros ônus provenientes do agronegócio é a única forma de pensarmos em um futuro mais justo e saudável. A comida precisa ser cultivada para as pessoas e não para animais e tanques de carro (em menção aos biocombustíveis). Por fim, o Greenpeace te convida a assinar a petição Todos pela Amazônia e dar o primeiro passo para mudar essa história.

* * *

Jornalismo ecofeminista a favor da justiça socioambiental e climática

Para continuar fazendo nosso trabalho de forma independente e sem amarras, precisamos do apoio financeiro da nossa comunidade. Se junte a esse movimento de transformação.